Para economista-chefe da Abiove, Brasil pode aproveitar alta demanda internacional pela oleaginosa e, ao mesmo tempo, ajustar questões logísticas e tributárias
O processamento de soja atingiu 13 milhões de toneladas no primeiro quadrimestre de 2022, aumento de 8% ante o mesmo período do ano passado. É o que indica o relatório da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove).
No caso do óleo de soja, o resultado positivo se deve às exportações, visto que o mercado internacional tem dependência do subproduto brasileiro, de acordo com o economista-chefe da entidade, Daniel Amaral.
Quanto ao farelo, os principais concorrentes do Brasil reduziram a oferta recentemente e a demanda segue crescendo. “O Brasil se encontra em uma posição privilegiada de aumento de produção e aumento de disponibilidade para atender essa demanda crescente por alimentos no mundo todo”, enfatiza.
Quebra de safra de soja
Segundo Amaral, se a safra 2021/22 não tivesse sofrido problemas de estiagem, o país teria disponível cerca de 20 milhões de toneladas a mais de soja do que tem atualmente. “Se o Brasil tivesse colhido as 145, 146 milhões de toneladas [inicialmente prevista], muito provavelmente estaria exportando muito mais soja em grão. Nossa previsão inicial era de exportação de quase 93 milhões de toneladas, mas reduzimos para cerca de 76 a 77 milhões“.
Mesmo assim, o economista da Abiove ressalta que os números de embarques são positivos diante do nível de quebra de safra sofrido. Para a próxima temporada, Amaral acredita que a demanda externa continuará aquecida e o agricultor terá incentivos para aumentar a produção.
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“No mundo inteiro a demanda por soja é muito grande. Nossos concorrentes, Estados Unidos e Argentina, deverão também ter safras maiores do que as registradas em 2022, mas, ainda assim, insuficiente para atender ao mercado internacional. Então cabe ao Brasil, e essa é uma grande oportunidade, produzir mais soja tanto para atender ao mercado interno, a industrialização, no que vem de farelo e de óleo aqui e exporta, quanto para a exportação direta da soja em grão”.
Momento favorável
De acordo com Amaral, há mercado para os dois subprodutos e para o grão de soja. Nesse cenário, Amaral diz ser fundamental que o Brasil aproveite o momento para aperfeiçoar as suas questões logísticas e tributárias, além de celebrar mais acordos internacionais. “Que a gente possa tornar esse momento conjuntural favorável em uma questão estrutural positiva para o Brasil e para todo o setor”, considera.
A respeito dos maiores compradores da soja brasileira, Amaral destaca que são:
Farelo
União Europeia como principal cliente e Sudeste Asiático em ascenção, puxado por Tailândia, Filipinas, Indonésia, Coreia do Sul, entre outros. “Como bloco, representam um consumo muito significativo”, explica. “Também há um crescimento muito importante do Oriente Médio. Os países daquela região tem um papel importante e costumam ter políticas ativas de aumento da produção de proteínas”.
Óleo de soja
China e Índia como principais. Em seguida, Europa e Sudeste Asiático.
Acordos internacionais
O economista-chefe da Abiove ratifica a importância de o Brasil ter acordos internacionais nos quais o farelo e o óleo de soja tenham tratamento adequado frente às matérias-primas.
“É muito comum que quando os países fazem acordo eles procurem reduzir bastante a tarifa sobre as matérias-primas porque querem importar, agregar valor internamente, mas cabe também ao país exportador pleitear e trabahar pelo contrário, para que ele tenha acesso a esses mercados, principalmente quando se trata de produtos com maior valor agregado”, finaliza.
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